decabelosempe.blogspot.com de cabelos em pé: junho 2009

de cabelos em pé

Mais ou menos um diário de opiniões. Nem sempre diário, mas de opiniões sim.

domingo, junho 21, 2009

e se de repente um jornalista o surpreender,

isso é...um momento de lucidez.

Não tenho muito o hábito de fazer um copy/paste daquilo que leio e acho bem escrito. Porém desta vez foi mais forte do que eu. Há muitos anos que ouvia, "o Mário Soares esteve asilado em França mas a viver à custa da família Bulhosa, a comer do bom se do melhor"

Este fds, chegou-me ás mãos o recorte de jornal. Aqui fica para memória futura. Aquela que de ser tão curta nos atrofia as ideias em momentos de escolha.

Este é o maior fracasso da democracia portuguesa

por Clara Ferreira Alves

Eis parte do enigma. Mário Soares, num dos momentos de lucidez que ainda vai tendo, veio chamar a atenção do Governo, na última semana, para a voz da rua.

A lucidez, uma das suas maiores qualidades durante a sua longa carreira politica.

A lucidez que lhe permitiu escapar à PIDE e passar um bom par de anos, num exílio dourado, em hotéis de luxo em Paris.

A lucidez que lhe permitiu conduzir da forma "brilhante" que se viu, o processo de descolonização.

A lucidez que lhe permitiu conseguir que os Estados Unidos financiassem o PS durante os primeiros anos da Democracia.

A lucidez que o fez meter o socialismo na gaveta durante a sua experiência governativa.

A lucidez que lhe permitiu tratar da forma despudorada amigos como Jaime Serra, Salgado Zenha, Manuel Alegre e tantos outros.

A lucidez que lhe permitiu governar sem ler os "dossiers".

A lucidez que lhe permitiu não voltar a ser primeiro-ministro depois de tão fantástico desempenho no cargo.

A lucidez que lhe permitiu pôr-se a jeito para ser agredido na Marinha Grande e, dessa forma, vitimizar-se aos olhos da opinião pública e vencer as eleições presidenciais.

A lucidez que lhe permitiu, após a vitória nessas eleições, fundar um grupo empresarial, a Emaudio, com "testas de ferro" no comando e um conjunto de negócios obscuros que envolveram grandes magnatas internacionais.

A lucidez que lhe permitiu utilizar a Emaudio para financiar a sua segunda campanha presidencial.

A lucidez que lhe permitiu nomear para Governador de Macau Carlos Melancia, um dos homens da Emaudio.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume no caso Emaudio e no caso Aeroporto de Macau e, ao mesmo tempo, dar os primeiros passos para uma Fundação na sua fase pós-presidencial.

A lucidez que lhe permitiu ler o livro de Rui Mateus, "Contos Proibidos", que contava tudo sobre a Emaudio, e ter a sorte de esse mesmo livro, depois de esgotado, jamais voltar a ser publicado.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume às "ligações perigosas" com Angola, ligações essas que quase lhe roubaram o filho no célebre acidente de avião na Jamba (avião esse carregado de diamantes, no dizer do Ministro da Comunicação Social de Angola).

A lucidez que lhe permitiu, durante a sua passagem por Belém, visitar 57 países ("record" absoluto para a Espanha - 24 vezes - e França - 21), num total equivalente a 22 voltas ao mundo (mais de 992 mil quilómetros).

A lucidez que lhe permitiu visitar as Seychelles, esse território de grande importância estratégica para Portugal.

A lucidez que lhe permitiu, no final destas viagens, levar para a Casa-Museu João Soares uma grande parte dos valiosos presentes oferecidos oficialmente ao Presidente da República Portuguesa.

A lucidez que lhe permitiu guardar esses presentes numa caixa-forte blindada daquela Casa, em vez de os guardar no Museu da Presidência da República.

A lucidez que lhe permite, ainda hoje, ter 24 horas por dia de vigilância paga pelo Estado nas suas casas de Nafarros, Vau e Campo Grande.

A lucidez que lhe permitiu, abandonada a Presidência da Republica, constituir a Fundação Mário Soares. Uma fundação de Direito privado, que, vivendo à custa de subsídios do Estado, tem apenas como única função visível ser depósito de documentos valiosos de Mário Soares. Os mesmos que, se são valiosos, deviam estar na Torre do Tombo.

A lucidez que lhe permitiu construir o edifício-sede da Fundação violando o PDM de Lisboa, segundo um relatório do IGAT, que decretou a nulidade da licença de obras.

A lucidez que lhe permitiu conseguir que o processo das velhas construções que ali existiam e que se encontrava no Arquivo Municipal fosse requisitado pelo filho e que acabasse por desaparecer convenientemente no incêndio dos Paços do Concelho.

A lucidez que lhe permitiu receber do Estado, ao longo dos últimos anos, donativos e subsídios superiores a cinco milhões de Euros.

A lucidez que lhe permitiu receber, entre os vários subsídios, um de dois milhões e meio de Euros, do Governo Guterres, para a criação de um auditório, uma biblioteca e um arquivo num edifico cedido pela Câmara de Lisboa.

A lucidez que lhe permitiu receber, entre 1995 e 2005, uma subvenção anual da Câmara Municipal de Lisboa, na qual o seu filho era Vereador e Presidente.

A lucidez que lhe permitiu que o Estado lhe arrendasse e lhe pagasse um gabinete, a que tinha direito como ex-presidente da República, na... Fundação Mário Soares.

A lucidez que lhe permite que, ainda hoje, a Fundação Mário Soares receba quase 4 mil euros mensais da Câmara Municipal de Leiria.

A lucidez que lhe permitiu fazer obras no Colégio Moderno, propriedade da família, sem licença municipal, numa altura em que o Presidente era claro está... João Soares.

A lucidez que lhe permitiu silenciar, através de pressões sobre o director do "Público", José Manuel Fernandes, a investigação jornalística que José António Cerejo começara a publicar sobre o tema.

A lucidez que lhe permitiu candidatar-se a Presidente do Parlamento Europeu e chamar dona de casa, durante a campanha, à vencedora Nicole Fontaine.

A lucidez que lhe permitiu considerar Jose Sócrates "o pior do guterrismo" e ignorar hoje em dia tal frase como se nada fosse.

A lucidez que lhe permitiu passar por cima de um amigo, Manuel Alegre, para concorrer às eleições presidenciais uma última vez.

A lucidez que lhe permitiu, então, fazer mais um frete ao Partido Socialista.

A lucidez que lhe permitiu ler os artigos "O Polvo" de Joaquim Vieira na "Grande Reportagem", baseados no livro de Rui Mateus, e assistir, logo a seguir, ao despedimento do jornalista e ao fim da revista.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume depois de apelar ao voto no filho, em pleno dia de eleições, nas últimas Autárquicas.

No final de uma vida de lucidez, o que resta a Mário Soares? Resta um punhado de momentos em que a lucidez vem e vai. Vem e vai. Vem e vai. Vai... e não volta mais.

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sábado, junho 13, 2009

Afinal ainda há bons jornalistas

Até agora só tenho ouvido malhar no Ronaldo e na família que se aproveita do dinheiro do puto. Fala-se de tudo menos do valor do rapaz.
Fala-se dos fatos de treino da dona Dolores, da loja da irmã, dos encontros e dos seus namoros.

Mas também há jornalistas lúcidos que sabem tocar nas feridas. Aquelas que tentamos ignorar, como a inveja.
Já se passou o mesmo com o Figo. Foi "pesetero" quando tratou da sua vida.

Os responsáveis do Manchester serão o quê no meio disto tudo? Gananciosos? Vigaristas por estão a vender gato por lebre? Não, é a lei do mercado e mais nada. Manda-se o barro à parede e se pegar...neste caso pegou e parece que o Real está na disposição de pagar os 93 milhões e daí?

O valor em questão só me deixa chocado se pensar na crise que o mundo atravessa. O que me choca é ouvir o presidente da fifa a dizer que a transferência é boa para impulsionar o mercado do futebol. Este deve ter aprendido com o Luis Freitas Lobo que na última jornada do campeonato me deixou de boca aberta com isto:

A prestação do Estrela da Amadora nesta liga (com um mês de ordenado na época inteira) é a prova que os esqueletos têm vida própria. Espectáculo.

Leiam o Paulo Garcia se fazem favor e vejam lá se o rapaz tem ou não tem razão.

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domingo, junho 07, 2009

Neura de fds

Ando chateado com o tempo, estreámos a praia na semana passada e oito dias depois já andamos a fugir do vento e da chuva outra vez.

Ainda por cima num ano em que não se vislumbram férias no horizonte, todos os bocadinhos de folga deviam ser aproveitados.

A selecção não joga nada, empatou e adiou a desgraça, a falta de humildade dos partidos (ganharam todos) é gritante, valeu o coelho assado ao almoço.

Se não souberem de mim já sabem, 'tou com a neura.

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Vivó Bloco

Tenho andado distraído com o trabalho e não liguei ás eleições.
Apesar de não ter ligado tal como a maioria da malta não deixei de votar.

Só fiquei chateado quando vi o resultado do Bloco de Esquerda. A moça que acompanha o Portas mais velho era bem aproveitada no parlamento de cá.

Gira pá, elegante e tudo. Agora vai lá para fora. Por cá continuaremos a ver aquelas habituais figuras mal encaradas que desempenhavam melhor papel ao lado dos pacotes de açúcar a fim de evitar ataques de formigas.

Gostei da Marisa, "prontos".

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quarta-feira, junho 03, 2009

Engolir em seco

Entrou algo combalido e com uma tosse persistente, cavernosa.
Uma compressa com adesivo cobria-lhe a mão quando me deu uma receita do hospital para aviar um antibiótico.
No cabeçalho da mesma vejo que tem 47 anos.

Diz-me.
- Queria aviar isto, espero que não me faça alergia como os outros e também queria umas pastilhas para a tosse.
Pergunto-lhe se prefere com ou sem açúcar.
- não tem diabetes, pois não?
Responde-me com um sorriso exausto provavelmente causado pela tosse,
- não, por enquanto só mesmo o cancro, de resto tudo bem.

Nesta altura só me vem à cabeça a cambada de malta que se queixa por tudo e por nada.

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