decabelosempe.blogspot.com de cabelos em pé: junho 2012

de cabelos em pé

Mais ou menos um diário de opiniões. Nem sempre diário, mas de opiniões sim.

quarta-feira, junho 27, 2012

Exmo. sr Ministro das Finanças,

Não querendo usar da ironia de um "Governo Sombra" da TSF ou do dramatismo de um "Prós e Contras", venho por este meio (que alguém o podia fazer) expor a vossa excelência o seguinte:

Causa-me bastante estranheza que Vossa Excelência não tenha previsto a mais do que lógica redução de receita fiscal. Não precisamos de estudar política, matemática ou economia para entender o óbvio.

Vossa Excelência faz parte de um governo que por culpa directa ou indirecta não é isso que está em causa, aumentou o IVA na restauração, bens alimentares e medicamentos, já para não falar do corte no acesso ao crédito bancário por parte dos particulares.

Ora, se se deixam de vender casas porque não aparecem clientes, obviamente que se fecham empresas construtoras e se despedem funcionários, os mesmos não terão dinheiro para gastar nos restaurantes que entretanto viram o IVA subir em pouco tempo de 12 para 13% e desde Janeiro para 23. Esta foi a primeira das barbaridades para afastar clientela. Hoje ouvi a notícia da duplicação da receita do IVA na restauração, não o quero desanimar mas parece-me "sol de pouca dura".
Também sabe Vossa Excelência que ao aumentar o IVA da maneira que se aumentou, acabou por se criar uma fuga natural aos impostos, porque convenhamos Sr Ministro, é uma maçada um canalizador, um electricista ou um mecânico de automóveis pedir-nos 100 contos por uma reparação (desculpe os contos mas é um defeito de quem não gosta destes euros) e se pedirmos factura exigirem-nos mais 23 contos, já reparou que são quase mais 25%?
A isto chama-se barbaridade ao quadrado Sr Ministro.

Certamente o Sr Ministro também já se apercebeu que a par da receita fiscal também as receitas da segurança social vão diminuindo de dia para dia, por um lado porque as pessoas vão perdendo emprego e por outro porque se vai contratando a termo e pagando o mínimo possível e já percebeu porquê Sr Ministro? não? Então eu explico-lhe, no meu sector de actividade foram implementadas medidas que revolucionaram a economia das farmácias.
Como? É simples, aliás, é uma regra de três simples, o ministério da economia juntamente com o ministério da saúde, dos anteriores governos do sr José Sócrates e também do actual governo acharam que as farmácias em Portugal estavam nas mãos de uma corja de bandidos que ganhavam dinheiro à custa dos problemas de saúde das pessoas e resolveram impôr descidas nos preços dos medicamentos obrigando-nos a suportar custos nunca vistos e obrigando-nos a vender hoje medicamentos por cerca de 2/3€ que custavam há cerca de ano e meio mais de 20/25€.

À partida até parece uma medida interessante e viável para o Zé povinho porém, há muita gente apanhada na curva com este tipo de política. Laboratórios, grossistas e farmácias que eram das entidades que com mais impostos contribuíam para as "suas" receitas fiscais, estão a pagar muito menos IVA, não estão? Pois estão. E também estarão certamente a pagar mesmos segurança social não é? Pois, lá está a governação da pescadinha de rabo na boca que tem manta curta e quando tapa a cabeça, destapa obrigatoriamente os pés. Por vezes as medidas distas populistas são um tiro no pé.
No caso dos medicamentos são vários tiros no pé de um doente que já coxeava tanto e não tarda deixa mesmo de andar. Menor preço nos medicamentos significa mesmos receita fiscal, mesmo segurança social, porque torna-se insustentável manter quadros de pessoal como os que tínhamos e por último menos stock na prateleira para servir doentes.
Parece uma estupidez, não é?

Não é propriamente a falta de dinheiro para obtenção de mercadoria mas a falta da mesma nos armazenistas que nos deixam sem stock e se calhar porque ainda não houve ninguém até hoje que explicasse a quem direito ou provavelmente não perguntaram/investigaram as pessoas certas para lhes explicar que não há medicamentos porque alguém de peito feito e costa direitas resolveu exportar os "nossos" medicamentos porque ao preço que eles estão, tantos os nórdicos como alguns países de sotaque africano encontraram uma mina de ouro lusa que não tem origem na Panasqueira ou em Neves Corvo, comprando cá e vendendo lá com um lucro considerável.

Entretanto saíram notícias de burlas ao SNS, espero sinceramente que signifique o retorno dos medicamentos ás nossas prateleiras.
Aguardemos serenamente.

quinta-feira, junho 21, 2012

Músicas com cheiro e sabor

Estava aqui a pensar que o iutubio devia ter o Live In Paris e não tem.
Apesar disso dá para matar saudades de um grande LP do meu tio Fernando, Boblina para os amigos (se não podias ainda estar a ler isto meu malandro), ouvido num verão distante em modo repeat e acompanhado com uma estreia culinária da minha mãe nesse verão, doce de melão.

quinta-feira, junho 14, 2012

Ser "O Máior" também tem destas coisas

No mundial de 2006, quando questionaram Scolari o Sargentão, aquele que ninguém manipulava nem deixava que ninguém interferisse nas suas ideias (dele e do Murtosa), sobre a convocatória e o desempenho do Luis Figo que, se não estou em erro não participou praticamente no apuramento, ele respondeu assim:

"Figo estará na primeira lista e, se não se machucar, estará nas próximas listas de convocados". "O Figo é craque e craque tem que jogar sempre". Foi mais ou menos isto mas com sotaque.

E é isto que temos que pensar, o Cristiano Ronaldo é craque e tem que jogar sempre. Quem sabe como é o futebol, diferente de jogar à bola, tente ir lá para dentro fazer o mesmo com 60 jogos "nas pernas" numa época.


De bola percebemos todos, agora de futebol...

Venham os holandeses :-)

quarta-feira, junho 13, 2012

Patriotismo? Onde? Nós? Deve ser difícil

Amanhã jogamos tudo (espero que sim) contra os dinamarqueses e tinha pensado escrever assim:
"Bom, agora vou ver a selecção de todos ou na pior das hipóteses se não ganharmos será a equipa dos amigos do Paulo Bento".
No entanto, esta carta precipitou-me o desabafo. Sempre respeitei o Paulo Bento enquanto treinador do meu Sporting e como seleccionador embora lhe aponte um defeito intolerável, não ceder na sua teimosia perante o erro. 
No último jogo de preparação Paulo Bento emendou a mão ao tirar jogadores com pouco rendimento, apesar de dizer que não o faria para satisfazer as bancadas em caso de vaias e/ou assobios, já para não falar na convocação à última hora de Hugo Viana que devia lá estar desde o principio.

Na dita carta, que eu sinceramente gostava de saber se é verdadeira, Mourinho apela ao nosso patriotismo, o que acho bem, concordo e não tenho nada a acrescentar.
José Mourinho faz aquilo que ninguém se lembrou de fazer até hoje, pôr o dedo na ferida. Ninguém não, há oito anos um brasileiro, foi preciso ser um brasileiro com aquele mamar doce típico das terras de Vera Cruz que se lembrou de nos mandar a bandeira à janela. Confesso que na altura também entrei na euforia e agora de maneira mais fria e ao longe, reconheço a capacidade de o homem ter conseguido em breves segundos num discurso de despedida de Óbidos (o outro tal passeio de charrete que Humberto Coelho fala, mal digo eu), mobilizar tanta gente. É certo que quando chegou a Portugal trazia escrito na testa "Campeão do Mundo", o que facilitava tudo mas ainda assim foi um golpe de génio.

Eu gostava muito que o apelo de Mourinho tivesse o mesmo impacto. Não, descansem os mais preocupados porque não se trata de pendurar mais bandeiras, até porque da maneira que as coisas estão não temos dinheiro para cópias fiéis e ainda compramos outra vez aquelas que em 2004 traziam desenhadas pagodes chineses em vez de castelos.
O patriotismo a que Mourinho se refere é outro.

Amanhã, apesar de efectivamente termos coisa bem mais graves e importantes para nos apoquentar, devemos estar todos a puxar para o mesmo lado e tomar como exemplo Espanha que está aqui mesmo ao lado e nos pode dar uma grande lição do que é gostar do seu país. Ou como fazem os americanos e não há ninguém como eles para defenderem a sua bandeira, muitas vezes levadas ao extremo eu sei mas fazem-no.
 Temos que ser nós a cuidar da nossa ou então qualquer dia não seremos mais que uma praia germânica.




sexta-feira, junho 08, 2012

Eu fui, vi e foi fantástico


Bom, está mais do que na hora de fazer o resumo de uma tarde/noite de domingo inesquecível. Agora que os níveis fisiológicos de um quarentão que se deitou às cinco da manhã, foram repostos.
19 anos inflacionaram as expectativas, não o suficiente porque afinal o Boss iria dividir o palco com mais três grupos e isso condicionava e muito, do meu ponto de vista, a duração e a própria qualidade do concerto.

Não assistimos ao primeiro mas quando arranjámos poiso perto do palco (havia necessidade de constatar que era mesmo o tio Bruce) estava na hora de ver e ouvir James.

Com aquele sotaque "very british" pegou no público logo cedo com a sua estranha dança e movimentos de braços :-) (private joke). 

...

Houve melhor elogio nesta noite? Não, não houve.
Confesso que apesar de não ter apanhado tudo na altura, senti o primeiro arrepio da noite.  Foi uma actuação surpreendente e não sei se não terá sido o único até agora a mandar sentar a malta toda no "Sit Down". E não é que obedecemos todos? Aliás, se há coisa bonita no Rock In Rio é a interacção do palco com o público e isso ficou provado também com o "Sound", Let's see if your ninety thousand heartbits can bit together. mas também com o Sometimes e outras tantas. Parece que houve ensaio geral antes de cada concerto mas não, somos mesmo um grande público e a organização tem esse trunfo para continuar. O ambiente que se vive é realmente fantástico. A plateia ficou deliciada com o trompetista vestido com a camisola da selecção. Em terras de sua majestade aparece com a camisola se7e mas da selecção inglesa. Não deixa de ser simpático :-)

Despediu-se dizendo,
"Have a funtasic night with the wonderful Mr Springsteen, good love to you"

Quando os Xutos entraram em palco o ritmo já estava alto. Não foi mais do que o que já nos habituaram a não ser o Kalú cantar o "O Tonto" apenas com o Zé Pedro. Gostei da t'shirt, "Parental Advisory - Loud Drummer". Muito bom.
Depois dos dois encores, deixaram o palco já perto das 23.15, percebia-se que a noite seria longa mas não ao ponto de acabar para lá das 02:30.

Quando dei pelo "Mighty" Max Weinberg sentar-se na bateria e dar o ritmo para o We Take Care Of Our Own e ouvi o tio Bruce dizer, "Olá Lisboa, como estão?" Já as emoções estavam ao rubro no recinto, era meia-noite e a cada pausa entre músicas pensava na empatia que devia ser recíproca para não haver desgostos como os de 93. Seguiu-se Wrecking Ball, Badlands (clássico dos concertos) e Death to My Hometown. Numa pausa antes de My City of Ruins, o Boss fez a habitual incorporação do outro James, o Brown e apresentou os elementos da E-Street Band. Destaque para a ausência da sua "baby, where's my Patty? Ah, Patty ficou em casa com crianças".
Na parte autorizada a transmitir em directo, quem não foi, teve a possibilidade de assistir a Spirit in the Night, Because the Night (há tanto tempo que não ouvia isto e tem um solo de guitarra do Nils Lofgren) e No Surrender (das melhores do Born In Th USA, se calhar a par do Cover Me).
Depois fez o que eu gostava que fizesse, foi ao público buscar os pedidos e cantou, She's the One (uma paixão) I'm on Fire (que estreou ao vivo 6 dias antes na Holanda), com Shackled and Drawn meteu a malta a cantar e com Waitin' on a Sunny Day, repetiu o Hard Rock Calling de Londres e pôs um puto a cantar com ele.

Esperar que o The River (outra paixão, a primeira com o mesmo álbum em 83) fizesse parte do alinhamento era demais mas fez, assim como The Rising, Lonesome Day. We Are Alive apontavam para o final ao fim de quase duas horas de concerto. Quando o vejo tirar a gaita do bolso, ouço "It's been a long time, tive saudades" e ouço o início do Thunder Road pensei, se acabares agora estás perdoado pelos 19 anos que andaste sem GPS para saberes voltar a Lisboa.



Thunder Road
é um hino ao amor, pela letra, pela melodia e pelo gesto que o sobrinho do Big Man fez antes do solo de saxofone. Olhou para o céu, mandou um beijo a quem provavelmente lhe ensinou e partiu para um final como o tio fazia. Não há dúvida que a substituição está perfeita na qualidade, o puto sabe-a toda e até teve o devido acompanhamento quando nos deu a parte do "...young anymore, show a little faith, there's magic in the night, you're ain't a beauty but yeah you're allright..."
Aparentava ser o final do espectáculo mas sem sair do palco após os agradecimentos mandou toda a banda para os seus lugares e começou então a "partir a loiça".
À décima nona música oferece-nos Born in the U.S.A., a magia estonteante do Born to Run e Glory Days. A seguir toca uma das melhores coisas ao vivo, Hungry Heart e Dancing in the Dark. Desta vez não tinha a Courteney Cox e para a substituir levou duas da assistência que quase o levaram ao sufoco.  Não houve grande destaque do prof Roy Bittan nesta noite e Little Steven deu um banho ao Boss quando ele queria desistir.
Acabou com uma homenagem ao grande, minister of soul Clarence Clemons quando a meio da Tenth Avenue Freeze-Out parou tudo com, "This is the important part - When the change was made uptown
And the big man joined the band"
.
Pode não ter tido o resultado de outros dias mas emociona.
Já com o fogo de artificio no encerramento do festval anda deu para o Twist and Shout. Curiosamente foi assim que acabou o último concerto que me tinha levado ao parque da Bela Vista em 2011.

Ficou a seis músicas das 30 que apresentou em 93 mas fez um alinhamento musical de excelente qualidade. Faltou o Rosalita Come Out Tonight mas foi um grande concerto, foram 2h40 de emoções que tanta gente desejava há tantos anos.

Obrigado por teres voltado. Obrigado a quem nos acompanhou e quem nós acompanhámos, foi um grupo divertido e que tão cedo não esquecerá aquele domingo que foi o encerramento do Rock In Rio.

segunda-feira, junho 04, 2012

Lá vou eu falar outra vez no Bruce,

sábado, junho 02, 2012

O "Boss" que mais luta pelos empregados

As letras das canções e a sonoridade da maior parte do trabalho do "Boss", reportam-me sempre para quem tentou lutar pelo sonho americano, atravessou o atlântico e de alguma maneira acabou por conseguir algo diferente.
Não sei se esse sonho existe ou não mas tenho o enorme prazer de conhecer muita gente que foi atrás dele e nesse contexto lembro-me sempre da Ana Cristina. Se houvesse justiça no mundo, durante as últimas semanas teria sido natural trocar algumas impressões com ela sobre este concerto de amanhã. Infelizmente aquela besta negra que é o cancro não nos deixa.

Amanhã, quando este jeitoso de 62 anos subir ao palco, tenho a certeza que o vais ver e ouvir, e talvez até concordar comigo em algumas coisas. Músicas que podia ter tocado e não tocou, o facto de poder ter vindo mais cedo e não o ter feito porque em 93, a malta que estava em Alvalade não o "aqueceu bem". Conversa!

O certo é que também não poderemos assistir aquela cumplicidade que havia com o "Big Man"



Amanhã vamos ver se valeu a pena ou não, esperar os tais 19 anos e andar este tempo todo a pedir tanto para voltar o homem que fundou a E-Street Band, depois acabou com ela e voltou a juntá-la. Viu a tempo que esta fórmula só resulta assim, junta.

As expectativas estão altas, eu acho que vamos sair com a sensação de que foi pouco.



Aguardemos serenamente.