decabelosempe.blogspot.com de cabelos em pé: Eu fui, vi e foi fantástico

de cabelos em pé

Mais ou menos um diário de opiniões. Nem sempre diário, mas de opiniões sim.

sexta-feira, junho 08, 2012

Eu fui, vi e foi fantástico


Bom, está mais do que na hora de fazer o resumo de uma tarde/noite de domingo inesquecível. Agora que os níveis fisiológicos de um quarentão que se deitou às cinco da manhã, foram repostos.
19 anos inflacionaram as expectativas, não o suficiente porque afinal o Boss iria dividir o palco com mais três grupos e isso condicionava e muito, do meu ponto de vista, a duração e a própria qualidade do concerto.

Não assistimos ao primeiro mas quando arranjámos poiso perto do palco (havia necessidade de constatar que era mesmo o tio Bruce) estava na hora de ver e ouvir James.

Com aquele sotaque "very british" pegou no público logo cedo com a sua estranha dança e movimentos de braços :-) (private joke). 

...

Houve melhor elogio nesta noite? Não, não houve.
Confesso que apesar de não ter apanhado tudo na altura, senti o primeiro arrepio da noite.  Foi uma actuação surpreendente e não sei se não terá sido o único até agora a mandar sentar a malta toda no "Sit Down". E não é que obedecemos todos? Aliás, se há coisa bonita no Rock In Rio é a interacção do palco com o público e isso ficou provado também com o "Sound", Let's see if your ninety thousand heartbits can bit together. mas também com o Sometimes e outras tantas. Parece que houve ensaio geral antes de cada concerto mas não, somos mesmo um grande público e a organização tem esse trunfo para continuar. O ambiente que se vive é realmente fantástico. A plateia ficou deliciada com o trompetista vestido com a camisola da selecção. Em terras de sua majestade aparece com a camisola se7e mas da selecção inglesa. Não deixa de ser simpático :-)

Despediu-se dizendo,
"Have a funtasic night with the wonderful Mr Springsteen, good love to you"

Quando os Xutos entraram em palco o ritmo já estava alto. Não foi mais do que o que já nos habituaram a não ser o Kalú cantar o "O Tonto" apenas com o Zé Pedro. Gostei da t'shirt, "Parental Advisory - Loud Drummer". Muito bom.
Depois dos dois encores, deixaram o palco já perto das 23.15, percebia-se que a noite seria longa mas não ao ponto de acabar para lá das 02:30.

Quando dei pelo "Mighty" Max Weinberg sentar-se na bateria e dar o ritmo para o We Take Care Of Our Own e ouvi o tio Bruce dizer, "Olá Lisboa, como estão?" Já as emoções estavam ao rubro no recinto, era meia-noite e a cada pausa entre músicas pensava na empatia que devia ser recíproca para não haver desgostos como os de 93. Seguiu-se Wrecking Ball, Badlands (clássico dos concertos) e Death to My Hometown. Numa pausa antes de My City of Ruins, o Boss fez a habitual incorporação do outro James, o Brown e apresentou os elementos da E-Street Band. Destaque para a ausência da sua "baby, where's my Patty? Ah, Patty ficou em casa com crianças".
Na parte autorizada a transmitir em directo, quem não foi, teve a possibilidade de assistir a Spirit in the Night, Because the Night (há tanto tempo que não ouvia isto e tem um solo de guitarra do Nils Lofgren) e No Surrender (das melhores do Born In Th USA, se calhar a par do Cover Me).
Depois fez o que eu gostava que fizesse, foi ao público buscar os pedidos e cantou, She's the One (uma paixão) I'm on Fire (que estreou ao vivo 6 dias antes na Holanda), com Shackled and Drawn meteu a malta a cantar e com Waitin' on a Sunny Day, repetiu o Hard Rock Calling de Londres e pôs um puto a cantar com ele.

Esperar que o The River (outra paixão, a primeira com o mesmo álbum em 83) fizesse parte do alinhamento era demais mas fez, assim como The Rising, Lonesome Day. We Are Alive apontavam para o final ao fim de quase duas horas de concerto. Quando o vejo tirar a gaita do bolso, ouço "It's been a long time, tive saudades" e ouço o início do Thunder Road pensei, se acabares agora estás perdoado pelos 19 anos que andaste sem GPS para saberes voltar a Lisboa.



Thunder Road
é um hino ao amor, pela letra, pela melodia e pelo gesto que o sobrinho do Big Man fez antes do solo de saxofone. Olhou para o céu, mandou um beijo a quem provavelmente lhe ensinou e partiu para um final como o tio fazia. Não há dúvida que a substituição está perfeita na qualidade, o puto sabe-a toda e até teve o devido acompanhamento quando nos deu a parte do "...young anymore, show a little faith, there's magic in the night, you're ain't a beauty but yeah you're allright..."
Aparentava ser o final do espectáculo mas sem sair do palco após os agradecimentos mandou toda a banda para os seus lugares e começou então a "partir a loiça".
À décima nona música oferece-nos Born in the U.S.A., a magia estonteante do Born to Run e Glory Days. A seguir toca uma das melhores coisas ao vivo, Hungry Heart e Dancing in the Dark. Desta vez não tinha a Courteney Cox e para a substituir levou duas da assistência que quase o levaram ao sufoco.  Não houve grande destaque do prof Roy Bittan nesta noite e Little Steven deu um banho ao Boss quando ele queria desistir.
Acabou com uma homenagem ao grande, minister of soul Clarence Clemons quando a meio da Tenth Avenue Freeze-Out parou tudo com, "This is the important part - When the change was made uptown
And the big man joined the band"
.
Pode não ter tido o resultado de outros dias mas emociona.
Já com o fogo de artificio no encerramento do festval anda deu para o Twist and Shout. Curiosamente foi assim que acabou o último concerto que me tinha levado ao parque da Bela Vista em 2011.

Ficou a seis músicas das 30 que apresentou em 93 mas fez um alinhamento musical de excelente qualidade. Faltou o Rosalita Come Out Tonight mas foi um grande concerto, foram 2h40 de emoções que tanta gente desejava há tantos anos.

Obrigado por teres voltado. Obrigado a quem nos acompanhou e quem nós acompanhámos, foi um grupo divertido e que tão cedo não esquecerá aquele domingo que foi o encerramento do Rock In Rio.