decabelosempe.blogspot.com de cabelos em pé: Ponte de Lima V

de cabelos em pé

Mais ou menos um diário de opiniões. Nem sempre diário, mas de opiniões sim.

sábado, setembro 29, 2007

Ponte de Lima V

Na quinta da Casa do Pomarchão o tempo passa devagar, não há pressa, o pequeno-almoço é servido ás nove, ás dez, quando nos apetecer. Vê-se Ponte de Lima mas não se ouve, a estrada também não, o "porteiro" raramente ladra.
Pergunto ao anfitrião se posso subir, "claro" diz-me ele "e o cão?", "é o porteiro" continua, "mas é enorme", "a condizer com a casa", rematou. Com uma recepção destas, adivinha-se simpatia.
O sossego só é interrompido pelas exibições de fogo de artifício, na vila todas as noites e pelas alvoradas que o "Ti Manel dos poços" detestou. As alvoradas de Ponte de Lima é que nos deixaram de cabelos em pé. O primeiro tiro ouve-se (obrigatoriamente) ás oito da matina e quando retomamos o soninho puuum, disparam o segundo, viramos-nos para o outro lado, recomeça a garganta em dó menor, imitando o fervilhar da panela e puuum! "Não tem jeito nenhum, porque é que não dão os tiros todos seguidos? Porra?", "calma Manel, tamos de férias pá!"
A alvorada adormece e volta a ouvir-se o carreiro de água da nascente que atravessa a quinta. Mais suave que o mar mas com a mesma capacidade de embalo. O Minho tem das mais bonitas pinturas, mistura mil tons de verde das trepadeiras com os roxos, os vermelhos, os amarelos, com as uvas tintas nas parreiras em latadas e com umas Hortênsias azuis que não se vêm em mais lado nenhum. Cada casa tem uma parreira na entrada, as ruas cheiram a terra molhada.
Nunca passei dois três dias seguidos no Minho em que não chovesse. Não gosto de chuva, não gosto de dias cinzentos mas lá em cima é diferente. As paisagens ganham outras tonalidades.
A enorme dose de cansaço (não acredito em férias para descansar, acredito em férias para arrasar) era vencida logo ao acordar pela paisagem que tínhamos nas janelas dos quartos.
Gosto de lá ir, desta vez éramos catorze. Temos que lá voltar.
Tá feito!




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