Blogues e suas "implicâncias"
Todos os dias surge a mesma dúvida, será isto passível de ser publicado no meu blogue? Já dei por mim a usar o gravador do telemóvel, depositar uma dica qualquer enquanto vou a conduzir ou numa fila de espera, para não me esquecer de escrever sobre o assunto.
Um blogue, de certa forma, pode ser considerado um diário da era moderna. Claro que pode.
O pior de tudo é que os diários sempre foram, pelo menos do meu ponto de vista, um hábito que só ás gajas dizia respeito, pelo menos até há algum tempo.
Sem dúvida que quando um gajo pensa em publicar alguma coisa num blogue não vai pôr nada do género:
Chegámos ao restaurante e ele mal olhou par mim, sinto-o distante apesar de sentado á minha frente, tive de ser eu a pedir o comer porque o cabrão não larga o jornal desportivo e os óculos escuros, não gosto quando ele se põe de óculo escuros, certamente é para que eu não o veja a olhar para os rabos das outras mulheres.
Eu certamente não escreveria nada disto, primeiro porque os meus óculos escuros nunca têm lentes muito escuras devido à miopia que carrego há quase uma vintena de anos e segundo porque não consigo olhar para outras mulheres sem que a minha própria mulher não dê por isso, porque além de me babar ao ficar de boca aberta, chego mesmo a comentar com ela:
Já viste os olhos daquela miúda? Giros, não são?
Ok, já adivinharam a resposta, não foi? Eu sou assim, tenho um espírito aberto, veja na minha mulher mais um dos meus melhores amigos. Não que a ache machona, ela até pinta as unhas e o buço, embora eu lhe peça o contrário. Gostava de dar vida ao provérbio de "mulher de pêlo na venta...".
Este ano no Algarve a nº1 deu-me uma estalada sem mão: Chegou ao hotel uma família toda bem assim 5* com sobrinhos convidados e tudo, as mães e os filhos a tratarem-se por você, percebe? Tá a ver? Tal e qual. Vai daí que a filha, toda chique, tinha uns olhos lindos muito bem dispostos numa carinha de boneca, com uns cabelinhos dourados, não louros dourados, hospedeira, praticante de surf e mais não sei o quê, gira mesmo, até a minha mulher concordou.
Enquanto o comentávamos, a nº1 que já quer entrar em todas as conversas, (menos naquelas que falam em pôr a mesa e fazer a cama) pergunta de mão na cintura:
- o que é que disseste pai?
- disse que aquela menina tem uns olhos muito bonitos...
- ó pai sinceramente, por amor da santa, tu já viste os meus?
Não consegui responder a uma fedelha de oito anos.
Um blogue de autor macho, fala de futebol, de carros, empregos, por vezes de filhos e pouco mais. Tá bem, também há blogues que falam de mulheres, de mulheres boas, de mulheres inteligentes, de mulheres menos boas e pouco inteligentes mas sobretudo de mulheres.
Não concordo por exemplo com blogues em que escreve mais do que uma pessoa, acho que se torna uma reunião tupperware (coisa de gaja) e eleva-se o tom tornando-se confuso e barulho só num concerto ou num estádio (coisa de gajo e por vezes também de gaja).
O meu blogue tomou-me conta da vida, de manhã à noite. Não sei se uma religião me conseguia absorver tanto tempo.
Ao fim de nove meses, 364 escritos muita viagem pelos mais variado tipos escrita blogueana, procuro a razão que leva o autor de cada página a escrever e por vezes a comunicar com pessoas que provavelmente nunca viu na vida. Será uma teoria assim tipo coca-cola do estranha-se versus entranha-se?
Tou pa ver.
Etiquetas: Disparates, Opinião
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