Bichezas

Fim do dia de trabalho, toca a ir para a cozinha que hoje é dia do valentim. Quando ouvi pela primeira vez que o dia dos namorados era do valentim, pensava que era daquele gajo muita magrérrimo (assim ao estilo dos bonecos do tim burton) que morava no bairro da guarda e também estudava na escola das olaias. Afinal o valentim e os namorados era mais uma americanice tipo o dia das bruxas. Não tarda estamos a comemorar o 4 de julho, o fim da guerra civil, o dia do fim da guerra no vietname (que eles teimam em dizer que ganharam), etc. Bom, mas o que me traz a escrever é mais profundo. Como não podemos ir jantar fora como tinha planeado, resolvemos comprar uns bichos para fazer em casa. Lá foi o miguel fazer a maionese do costume e quando era hora de grelhar a bicheza é que foram elas. Dizia-me a vendedeira da bicheza
- você leva, põe no frigorífico que eles vão morrendo, depois á noitinha corta ao meio e pôe a grelhar, é fácil
- e se ainda estiverem vivas?
- corte á mesma porque sabem melhor
Cheguei a casa e diz a minha gaja
- olha assim que tentei cortar uma, saltou para o meio do chão e os teus filhos fartaram-se de chorar porque estava a matar as bichas
- tou lixado, já não podia com ambientalistas agora levo com ecologistas e defensores dos animais pela proa
Dediquei-me então ao corte cirúrgico e longitudinal da bicheza enquanto a minha gaja deitava a nº1 e o nº2, já que o nº3 tá de férias em lisboa com os avós. Consegui, custou, mas consegui e soube muito bem, regado a convento vale de pereiras, para mim o melhor vinho verde e de ponte de lima.

Amanhã vou agradecer a dica á dona olga e dizer-lhe que nunca mais me vende bicheza desta para cortar viva.

A minha senhora tem razão, analisando bem a coisa, os mariscos estão para os peixes como os insectos estão para nós.