Da Picheleira e dos Pichelecos
De repente e graças ao Jorge da Carícia, nasceu uma nova página no facebook, de nome Pichelecos, que tem proliferado em número de membros, fotos e comentários como se de cogumelos se tratasse.
Confesso que não conheço grande parte da malta que por lá vai aparecendo e alguns deles até já me enviaram pedidos de amizade e tudo mas se há coisa que eu admiro no facebook, chego mesmo a venerar é o facto de, se não conheço não aceito, se não tem foto não aceito, excepção feita ao meu amigo Quim, Peúga para a geração dele e do meu pai. Eu fico-me pelo "Jaquim" só por uma questão de brincadeira.
Adiante, na Picheleira onde nasci e cresci, eu gostava de ir ao Saraiva comer caracóis, gostava de ir ao lugar da dona Beatriz e sentir o cheiro da criação, dos coelhos, dos hortos, de roubar azeitonas enquanto esperava (este crime já prescreveu, não estejam já a pensar em tretas), gostava de ir comprar material escolar à Virita, de meter o totoloto na Calçada ao lado do externato da D Ofélia, de tirar retratos no Edgar para a escola, de passar dias inteiros das férias de verão na oficina do meu padrinho Horácio sempre a olhar para o King, aquele pastor alemão de respeito, acho mesmo que o estrabismo que revelo nas fotografias se deve ao King, medo! Gostava de ir à padaria de manhã e trazer o pão e uma arrufada para meter manteiga e levar para a escola.
Gostava de tanta coisa na Picheleira, gostava de ir ás compras à loja do Porfírio da Silva Xavier, ainda me lembro de ser servido camarão de Espinho na cervejaria do Greno, também gostava de ir com a minha mãe fazer compras na mercearia do sr Albino na capitão Roby. O que eu fiz com que os meus pais gastassem dinheiro na vidraceira do Carrascal, dos pais da Susaninha, colega a primária. Adorava passar horas à janela a conversar com o meu irmão de bricadeira, o Mourão. Tantos caroços de fruta que atirávamos para cima do 30 e do 55. As descidas de carros de esferas nas traseiras da Mira Fernandes e à volta da praceta.
E os pijamas, meias, lenços e sapatilhas de ginástica compradas na loja do Manecas e da dona Amália?
Gostava de estar no Vitória, apesar de chegar a casa e ouvi. "tresandas a tabaco", se havia coisa que o VCL nos dava de borla era o cheiro de tabaco queimado nas mesas de jogo que se impregnava na nossa roupa e cabelo denunciar a nossa noitada. Gostei de andar na ginástica e no futebol, gostei de fazer de olheiro nos carnavais porque a timidez e a falta de jeito para dançar faziam de mim e mais uns quantos uns verdadeiros seguranças de centro comercial, estávamos ali, observávamos mas não interferíamos em nada.
Sem esquecer aquele que era o sítio que eu mais admirava naquele bairro, mesmo doente depois de sair do médico, eu não perdia uma visita, assistir àquela arte de cortar etiquetas das caixinhas dos medicamentos passar na fia-cola e colar nas receitas. A Farmácia Marluz, uma das responsáveis da minha carreira era um mundo à parte do bairro e da própria cidade. Orgulhosamente mesmo contra as leis do sector, a Picheleira era o único bairro de Lisboa que tinha sempre uma farmácia de serviço.
Peço desculpa se me esqueci de alguns sítios ou pessoas.
Da Picheleira com muito orgulho
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