Vergonha
Somos um país de merda com autoridades e leis de merda.
Fecham-se lojas a torto e direito.
Em Londres, no mercado de Nothing Hill, comentei várias vezes com a Isabel, o que seria daqueles vendedores de queijos, azeitonas, bolos, carne, peixe e muitas mais coisas se a asae lhes chegasse perto.
Este sábado foi a ginginha no rossio e o cinema quarteto.
Sou por principio a favor do comércio tradicional. Quando aqui perto a mesma asae fecha mercearias e cafés onde as pessoas se habituam a estar, a pagar o telefone, a água, a descontar o vale da reforma, estão também a cortar a vertente social destes espaços.
Há alguma coisa mais típica numa cidade que o seu comércio? Há os monumentos mas esses são frios, não falam, não comentam, atravessam várias gerações sempre com a mesma maneira de estar.
Quando confrontado com a realidade londrina, na sua vertente comercial, lembrei-me da baixa lisboeta. Se um turista visitar Lisboa será precisamente para ver a sua história e pouco mais. Um dos ex-libris do comércio da baixa, a loja das meias encerrou portas em Agosto último e a baixa vai lentamente morrendo para dar vida a centros comerciais doentios, de ar viciado onde as pessoas passeiam fatos de treino ao domingo.
A cidade onde vivemos, já foi considerada o maior centro comercial a céu aberto. Até há uns anos, não muitos, Caldas da Rainha era conhecida não só pelas termas mas também pelo comércio. Nos nove, quase dez anos em que vivo por aqui, assisti à abertura do E. Leclerc, Plus, Max Mate, Supermercado Aldi, Plus, Intermarché com Brico e Station, um novo Minipreço além do que já havia, remodelação e ampliação do Feira Nova, para além dos já existentes Pingo Doce, Modelo e Lidl. Onze grandes superfícies para um concelho de cinquenta mil habitantes. Já para não falar das cerca de trinta lojas chinesas que vendem não sei bem o quê porque até hoje não consegui entrar em nenhuma. Não concordo que eu seja obrigado a pagar impostos e estes senhores que chegam a pagar rendas na ordem dos cinco mil euros não contribuam com um cêntimo para o estado português. Peço desculpa mas não concordo.
Na última assembleia municipal, foi aprovado mais um centro comercial do grupo sonae com 80 lojas, para juntar a outro de cinquenta, também com supermercado que já se está a construir no velho hotel lisbonense, junto à antiga entrada da cidade. Diz-se que a sonae se comprometeu a construir um centro de saúde e acessos rodoviários novos, para os quais disponibiliza setecentos e cinquenta mil euros. Pois!
Mais 130 lojas de franchising's, habilitadas à dança do abre e fecha. Algo me diz que não vamos ficar por aqui. Ouvir o presidente da câmara responder que era bom estes centros virem para caldas, é mau para o comércio local mas se não fossem aprovadas aqui seriam noutra cidade., é preocupante.
Ainda havemos de o ouvir a pedir uma incineradora para o parque da cidade, já agora!
É o país que temos
É o país que merecemos?!
Etiquetas: Opinião
5 Comments:
Se a ASAE fosse a Madrid... fechava(m) a ASAE!!!
Concordo. Mas os portugueses em geral não merecem mais (salvo as excepções presentes) do que - desculpa o termo - a merda dos centros comercais.
Cumpts.
Realmente é uma pena!
Para mim, que sempre fui fã de ir às compras à baixa, a baixa não devia fechar às 19h00 e aos domingos, devia estar sempre aberta! Mesmo quando chove e faz frio, sabe bem andar ali a sentir o cheirinho a bairro e a castanha assada!
Hummmmm, então agora no Natal... não resisto!
Concordo plenamente contigo...Então e nas lojas dos Chineses porque a ASAE não entra???
Jokas
a vilhena: obrigado pela passagem e parabéns pelo bom gosto.
bic laranja: realmente não merecemos mais, eu cada vez mais fujo destes espaços. Abraço;-)
cunha: muita saudade da baixa nesta época, muuuita;-)
rita: o comércio chinês em Portugal dá para um post.;-)
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