Há pessoas que não deviam aparecer na tv,
pelo simples facto de que o que dizem se torna tão importante como a chuva num qualquer dia de praia.
O fenómeno "Hélio Imaginário", tomou proporções gigantescas e inesperadas para qualquer um dos intervenientes, tendo sido explorado de maneira surpreendente.
Foi uma mistura explosiva de frases, descida alucinante e uma queda daquelas. (ainda hoje lá passei, aquela descida...c'um catano)
Para a minha geração, que teve uma adolescência sem computadores, youtube's ou telemóveis, acabo por achar perfeitamente normal o que se passou naquela Estrada Atlântica.
Ainda ontem comentava com o meu pai, durante uma breve caminhada junto ao cais da Foz do Arelho, o número de máquinas fotográficas que existem. "lembraste que há 25/30 anos era um luxo ter uma e agora...".
O que seria da RTP, se nos anos 80, fossemos para a Alameda andar de skate ou de bicicleta e um de nós estivesse de câmara na mão? E se a Alameda Afonso Henriques era bem pior que a Estrada Atlântica. O horário nobre seria todo nosso:-)
Eu provavelmente, ainda estaria em prisão domiciliaria, por ter partido dois vidros no intervalo de três dias e ainda por cima o segundo foi durante o cumprimento de castigo do primeiro, assim no estilo de uma saída precária, enquanto a minha mãe tinha ido ás compras.
E daquela vez que na estrada entre a rotunda do Areeiro e a Picheleira eu de bicicleta a puxar o Mourão de skate, a coisa correu mal e o Mourão chegou a casa todo esfarrapado?
Será que nos fins de tarde que íamos para os estaleiros de obras das Olaias que na altura não era vedados, mandar pedras uns aos outros, devíamos ter aparecido num telejornal qualquer como protagonistas de uma intifada lusa?
Os pregos que se arranjavam para ir espalmar na linha do comboio de Chelas contam como mais um risco para a nossa integridade física, não contam?
Agora que todos estes crimes já prescreveram, posso confessar que sim, fui eu que disparei uma maçã estragada nos estores da celestina, mesmo quando ela escondida, espreitava enquanto eu despejava o lixo, azar! O tapete que uma vez apareceu a fumegar na escada da dona Elvira também foi da nossa responsabilidade.
Sobrevivemos a tudo e andamos por cá para contar, assim como o Hélio noutro tempo e noutro espaço. Podia ter corrido mal? Podia mas o "correr mal" pode ser a atravessar uma rua em cima da passadeira. E nenhum de nós queria ser herói, até porque não haviam meios de divulgação ao mesmo tempo que não tínhamos plateia, perceberam srs críticos?
Não compreendo como é que temos logo psicólogos a analisar este tipo de coisas e jornalistas a fazerem ligações com outros disparates.
Ontem o meu filho número 2 deu em valente tralho de skate, à semelhança de outros que dei, está com várias marcas ao nível dos joelhos, anca e cotovelos. Três níveis distintos, portanto o meu puto está no nível 3 no que ao skate diz respeito. Quando tiver a minha idade há-de ligar tanto ao skate como eu ligo à Hanna Montana.
Se eu seguir o conselho do psicólogo que apareceu ontem na tv, tenho que lhe dizer baixinho, como quem, não parte um prato, "olha, meu filho, não é a cair do skate que te fazes um herói, percebes?"
Como é que é possível dizer-se que à conta deste vídeo é que um jovem foi tourear carros para o meio da rua?
Não me lixem!
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