Farma - Kamikaze

O nosso primeiro ministro acaba de participar numa inauguração de uma farmácia privada.

Estranha-se a presença de um governante num projecto condenado à nascença, senão vejamos:

O vencedor do concurso público realizado em 2006(!), propôs-se pagar 100 mil euros de renda anual ao hospital de Leiria pelas instalações disponibilizadas, além de entregar assim de mão beijada e religiosamente todos os meses, 30% do valor facturado. Não acredito que uma farmácia pague 8,333 euros de renda numa rua qualquer deste país e vai ser interessante ver a forma suicida de dar mais ao estado do que o que se vai receber na realidade.

Estranha-se ainda mais quando o nosso primeiro ministro anuncia que a abertura desta farmácia é uma vitória sobre os "interesses corporativos".

A ser verdade, o vencedor do concurso é nem mais nem menos que um grupo privado na saúde em Portugal e de dimensão considerável, tanto nas análises clínicas como no sector das farmácias.

Nota final: este novo e maravilhoso sistema inventado pelo ex-ministro da saúde prevê uma concessão durante um período de cinco anos e no final, todo o equipamento, mobiliário, stock e material informático fica na propriedade do hospital.

Vamos esperar para ver se haverá diferenciação de impostos como nas farmácias da misericórdia ou isenções fiscais como nas lojas chinesas.

Há coisas fantásticas, não há?